Resumo: Cientistas desenvolvem uma mistura de enzimas (MHETase-PETase) de modo que seja possível fazer a reciclagem do polímero PET, diminuindo o uso de recursos fosseis e a poluição por plásticos.
Os mesmos cientistas que projetaram a enzima que se alimenta de plástico, a PETase, criaram agora um coquetel de enzimas que pode digerir o plástico até seis vezes mais rápido. Uma segunda enzima foi combinada com PETase para acelerar a quebra do plástico.
A PETase decompõe o polietileno tereftalato (PET) de modo que seja possível ser reciclado infinitamente e que possa reduzir a poluição pelo plástico e os gases do efeito estufa que impulsionam as mudanças climáticas. O PET é o termoplástico mais conhecido e mais usado para fazer garrafas de bebidas descartáveis. Este polímero leva centenas de anos para se decompor no ambiente, mas com essas enzimas pode reduzir esse tempo para dias.
A descoberta inicial da PETase criou a perspectiva de uma revolução na reciclagem de plástico, criando uma solução potencial de baixo consumo de energia para lidar com o lixo plástico. Essa enzima natural foi desenvolvida em laboratório e pode ser 20% mais rápida na decomposição do PET.
Depois, a mesma equipe combinou PETase e uma segunda enzima chamada MHETase, para gerar melhorias muito maiores. A mistura de PETase com MHETase dobrou a velocidade de decomposição do PET e ainda projetou uma conexão entre as duas enzimas para criar uma 'superenzima'.
Nos primeiros experimentos, foi observado que eles realmente funcionam melhor juntos, então eles foram ligados fisicamente, como dois Pac-men unidos por um pedaço de corda.
A descoberta da enzima PETase original anunciava a primeira esperança de que uma solução para o problema global da poluição por plásticos pudesse estar ao alcance, embora a PETase sozinha ainda não seja rápida o suficiente para tornar o processo comercialmente viável para lidar com as toneladas de garrafas PET descartadas espalhadas pelo planeta.
Combiná-lo com uma segunda enzima, e descobrir que juntas funcionam ainda melhor, significa que outro salto foi dado no sentido de encontrar uma solução para os resíduos de plástico. A combinação MHETase-PETase trabalha digerindo o plástico PET. Isso permite que os plásticos sejam feitos e reutilizados infinitamente, reduzindo nossa dependência de recursos fósseis como petróleo e gás.
Essa pesquisa combinou informações estruturais, computacionais, bioquímicas e bioinformáticas para revelar percepções moleculares sobre sua estrutura e como ela funciona. O estudo foi um enorme esforço de equipe envolvendo cientistas em todos os níveis de suas carreiras.
Uma das autoras mais jovens, Rosie Graham, uma aluna de doutorado do Portsmouth CEI-NREL disse: "Minha parte favorita da pesquisa é como as ideias começam, seja durante o café, no trajeto de trem ou ao passar pelos corredores da universidade, pode ser realmente a qualquer momento”.
O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Brandon C. Knott, Erika Erickson, Mark D. Allen, Japheth E. Gado, Rosie Graham, Fiona L. Kearns, Isabel Pardo, Ece Topuzlu, Jared J. Anderson, Harry P. Austin, Graham Dominick, Christopher W. Johnson, Nicholas A. Rorrer, Caralyn J. Szostkiewicz, Valérie Copié, Christina M. Payne, H. Lee Woodcock, Bryon S. Donohoe, Gregg T. Beckham, John E. McGeehan. Characterization and engineering of a two-enzyme system for plastics depolymerization. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2020; 202006753 DOI: 10.1073/pnas.2006753117